Um mundo sem limites. Elisa Fenoglio.
Aqui está uma entrevista com Elisa Fenoglio - vencedora da IV temporada do concurso internacional de bonecas de autor virtuais Gaudir na categoria de trajes.
Diga-nos, por favor, há quanto tempo faz bonecas e como se meteu nelas? Tem antecedentes profissionais ou é autodidacta? Com quem aprendeu a arte do fantoche?
Faço bonecas há cerca de 20 anos.
Tudo começou quando descobri miniaturas de dollhouse 1:12 e quis criar pequenas personagens que viviam nestes maravilhosos cenários vitorianos ou eduardianos.
Sempre tive uma paixão por roupa antiga, rendas feitas à mão, tecidos de seda leves e cintilantes. Sou licenciado em cenografia pela Academia de Belas Artes. Quando tinha de fazer layouts universitários, adicionava sempre pequenos caracteres de cartão porque sem eles o palco ficava demasiado vazio. Quando descobri as miniaturas de dollhouse, consegui combinar tudo o que gostava: os cenários, os trajes de época, os bonecos.
Comecei a fazer bonecas por acaso, depois de dois amigos me terem convidado para me tornar membro da Associação Italiana de Miniaturistas. No início coleccionei, mas não fiquei muito satisfeito com as minhas compras porque não conseguia encontrar personagens que correspondessem totalmente ao meu gosto, por isso comecei eu próprio a modelar e a coser as roupas.
Naqueles anos não havia cursos e a Internet não era tão abrangente como é hoje.
Naveguei na Internet, comprei livros, estudei o que encontrei. Vi artesãos e artistas talentosos a trabalhar... e depois conheci o mundo das bonecas de arte. Um mundo mais vasto do que o das miniaturas. Um mundo em que não há limitações em proporções, objectos ou contextos.
As bonecas de arte não são bonecas, são obras maravilhosas que expressam conceitos, significados, emoções, estados de espírito, estados de espírito. Podem ser verdadeiras obras de arte em que a técnica se combina com a alma do criador, criando um produto único e excitante.
Lembra-se da sua primeira boneca, como era?
Obviamente, as minhas primeiras bonequinhas eram bastante feias. Nunca fiz qualquer modelação, especialmente em tamanhos tão pequenos. Nunca costurei, apenas estudei a história da fantasia na universidade.
A primeira boneca que fiz foi uma toga e um chapéu para a graduação da minha irmã. Eu queria fazer algo especial para ela. Hoje penso nisso com carinho e estou satisfeito com as melhorias feitas.
Porque escolheu os fantoches? Qual é a sua técnica favorita, porquê?
Sempre adorei pintar, esculpir, aplicar arte e todas as coisas criativas. Desde criança que me dedico ao trabalho manual, mas é nas bonecas de arte que posso combinar tudo o que amo e onde me realizo plenamente.
O meu estilo caracteriza-se pelo amor de combinar diferentes, variados e mistos materiais utilizados em conjunto numa peça viva, que nunca é monótona e que ataca com as suas combinações de materiais e cores, onde o olho desliza e se prolonga, perde e contempla.
Vem da profunda maravilha que sinto pela natureza, que oferece uma enorme variedade de substâncias e texturas, e na qual estou profundamente apaixonado. Encontro tal maravilha no pêlo manchado ou listrado de um gato, nas delicadas pétalas de flores, em penas de todas as formas e tamanhos. Superfícies lisas e rugosas... foscas e brilhantes... é isto que utilizo no meu trabalho onde não estou satisfeito com nenhuma técnica, onde tento jogar com a combinação de diferentes objectos em combinações harmoniosas... sem abandonar a esfera figurativa que é a verdadeira força motriz por detrás da minha arte.
Criar bonecos artísticos significa ter uma vasta gama de possibilidades de combinação de materiais, cores, texturas. Significa ser escultores, pintores, cabeleireiros, alfaiates, desenhadores de palco. Permite-lhe trabalhar numa variedade de indústrias, utilizando diferentes técnicas de forma completamente livre e criativa.
O que é mais importante para si - técnica ou expressão?
Penso que a técnica é muito importante. Esforço-me constantemente por me melhorar, porque o trabalho tem necessariamente de ser bem feito. Mas também acredito que é preciso encontrar um estilo pessoal, com o qual se possam expressar emoções, conceitos, ideias. As peças em que fui capaz de me expressar melhor são aquelas que conseguem expressar figurativamente o sentimento, o estado de espírito que eu estava a sentir na altura em que as fiz. Durante a pandemia e a quarentena tive de participar numa exposição online de bonecos de arte... mesmo a tempo do Carnaval. Mas eu não estava feliz e optimista na altura. Senti que um ano de "prisão" por causa da cobiça tinha mudado e despedaçado os nossos hábitos e tradições. Até o Carnaval, com as suas cores, o seu "burburinho", a sua alegria, tinha sido suprimido e abandonado durante o ano passado. Assim, fiz uma máscara inspirada no Carnaval de Veneza, mas com um disfarce mal vestido e gasto, o tecido enrugado e as decorações florais desmoronadas. Queria transmitir a sensação que animava toda a gente na altura: tudo aquilo a que estávamos ligados e que fazia parte dos nossos hábitos parecia ter desaparecido com o tempo, esquecido, desgastado, descolorido, como algo armazenado no sótão e ignorado.
Tem algum segredo de habilidade pessoal que possa revelar aos leitores?
O meu conselho a todos é o que eu próprio sigo: não concordem. Preste atenção aos detalhes que não o satisfazem completamente. Refazer se necessário, melhorar cada vez mais, e superar-se a si próprio.
Se de repente as suas bonecas deixarem de ser compradas, vai deixar esta actividade e encontrar outra, ou vai continuar a fazer bonecas de qualquer maneira?
Penso que enquanto puder, continuarei a fazer bonecos de arte, porque esta actividade é para mim uma saída, uma liberdade mental e criativa, uma alegria.
O que significa para si ganhar o concurso Gaudir?
Ganhar o Gaudir foi realmente um grande reconhecimento para mim, porque é uma das mais prestigiadas e cobiçadas competições de bonecas de arte a nível internacional, nas quais os fabricantes de bonecas do mais alto nível competem uns contra os outros, mas não só. Permitiu-me conhecer a determinação de Irina Abrasokina, que, como fã apaixonada das bonecas de arte, conseguiu dar vida à associação Unidia, a exposição Muñecart e unir artistas de todo o mundo com a sua determinação e convicção. Graças a pessoas como ela, os marionetistas encontram um espaço de unidade, um motivo de comparação, um incentivo para melhorar e uma comunidade de colegas na qual trabalhar e integrar-se.
O seu desejo de futuros participantes no concurso.
Desejo que os futuros concorrentes façam parte desta 'família' estimulante e criativa onde possam encontrar inspiração e onde possamos trabalhar todos juntos para difundir cada vez mais esta forma criativa.
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