Chapeuzinho Vermelho. História e psicologia
Chapeuzinho Vermelho. Conto de fadas ou lenda?
Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Cinzento. Quem não conhece esta história?
A versão que sobreviveu até hoje difere em muitos aspectos da história original. O conto nasceu de uma lenda. As lendas geralmente não são apenas para leitores pequenos. Eles são mais moralizantes, naturalistas e até mesmo sinistros.
Não é à toa que o famoso psicólogo Eric Berne usa o enredo de Chapeuzinho Vermelho como exemplo de um cenário de vida comum. Ele vê em um conto de fadas um cenário de formação de uma personalidade adolescente, uma violação das instruções dos pais ou um cenário de “vítima-estuprador-salvador”.
Um chapéu ou uma capa?
Erich Fromm, em sua interpretação, diz que em um conto de fadas, uma capa vermelha (sim, não um chapéu - uma tradução incorreta e um burro em nossas mentes) simboliza o princípio feminino, a transformação de uma menina em menina. Ou seja, esta é uma história sobre a relação e oposição dos sexos, onde uma mulher sai vitoriosa e um homem (lobo) é derrotado. A mesma ideia é desenvolvida pela escritora Angela Carter em sua antologia de contos de fadas reimaginados "The Bloody Room".
Lobo ou lobisomem?
Além disso, existem muitas versões do místico. Eles sugerem que Chapeuzinho Vermelho encontrou um lobisomem na floresta. Isso não é surpreendente para um conto de fadas nascido na França, onde a caça ao lobisomem foi especialmente difundida na Idade Média. Foi daí que veio a lenda sobre um caçador que cortou a pata de um enorme lobo. E quando voltou para casa, encontrou sua esposa com a mão enfaixada, e em sua bolsa de troféus não havia mais uma pata peluda, mas um elegante cabo decorado com anéis. Foi essa lenda que foi interpretada no famoso filme de Catherine Hardwicke "Chapeuzinho Vermelho" (2011). As referências a essa legenda podem ser vistas em uma das obras que apresentamos neste artigo como ilustração. É também na França que a misteriosa história da besta de Gevodan é oficialmente reconhecida, para cuja captura Luís XV pessoalmente alocou fundos e enviou os melhores caçadores.
Crueldade ou justiça?
Por mais que tentassem adaptar para as crianças a lenda sombria de Charles Perrault e, depois dele, os Irmãos Grimm, ainda havia muitos finais místicos, assustadores e cruéis. E está certo. Muitos psicólogos concordam que as crianças, com sua pureza e elevado senso de justiça, devem saber que o vilão foi derrotado e severamente punido. As crianças não temem um final cruel para um personagem malvado, pelo contrário, a "sentença branda" faz com que se sintam inseguras e injustas. Por exemplo, Bruno Bettelheim (psicanalista e psiquiatra, autor da obra científica "Sobre os benefícios da magia") expressa o seguinte pensamento a esse respeito: “O melhor dos contos de fadas não é que nos falem de bruxas e dragões, mas o que eles dizem, que bruxas e dragões podem ser derrotados. Não são apenas contos de fadas, são lições. "
Com medo ou domesticado?
A seleção de ilustrações para este artigo também contém a obra do autor do artigo intitulado “Vermelho. Ande com lobos. " Este trabalho é sobre liberdade, vitória sobre os “lobos” interiores que obscurecem o caminho e dificultam a realização de objetivos. É importante domar sua besta interior, fazer amizade com ela e aceitá-la. Então, a criatividade e a liberdade nos trarão uma harmonia e paz até então desconhecidas com nós mesmos (Clarissa Pinkola Estes escreve sobre isso em seu livro "Running with Wolves").
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Margarita Dadykina
Como é difícil! Desde a infância, muito não ficou claro nesta trama. Eu nunca poderia decidir com qual dos heróis eu simpatizo mais. Obrigado pelas versões. As obras são todas maravilhosas!
Lena, muito obrigada! Sim, há um grande número de versões e cada pessoa interpreta o conto de fadas de forma completamente diferente.